Descrição
A mediação traduz-se num processo de prevenção, gestão e resolução cooperativa de conflitos que inclui a dimensão educativa, socializadora e transformadora das pessoas com um papel essencial na preparação e adequação de respostas a fenómenos sociais e educativos de âmbito glocal. O procedimento metodológico associado às práticas de mediação beneficia da evolução dos conhecimentos e fusões teórico-práticas na área, potenciada pela inovação e desenvolvimento tecnológico, projetando uma configuração promotora de qualidade da comunicação, da interação positiva entre as pessoas, do envolvimento crítico e participativo, da construção da convivência e da paz.
Neste contexto, a mediação constitui um contributo essencial, alinhado com a iniciativa da UNESCO The Futures of Education: Learning to Transform (2021), tendo como propósito estimular o debate global sobre a aprendizagem e conhecimento enquanto promotores de transformação das pessoas, das comunidades e consequentemente do mundo.
Os movimentos migratórios nas últimas décadas a nível mundial e a importância de desenvolver sociedades sustentáveis e coesas têm suscitado, a nível local, nacional e internacional, a necessidade de desenvolver políticas e práticas de promoção da integração, inclusão e coesão social nas nossas sociedades multiculturais, multiétnicas e multirreligiosas. Esta necessidade vem sendo sinalizada por diversas agências como o Conselho da Europa, o Fórum Europeu de Segurança Urbana (2012), a ONU (2015) e por diversas personalidades, nomeadamente o atual secretário-geral da ONU (Guterres, 2017).
Em Portugal, o governo e o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) têm vindo a definir, desde o início do século XXI, várias medidas para a concretização da valorização da diversidade cultural, étnica e religiosa e coesão social, entre as quais se reconhece a mediação como uma estratégia fundamental para a prevenção e a resolução colaborativa de conflitos, o reconhecimento do outro, a educação para a convivência e para a paz (Silva, 2018, p.18). O Plano Estratégico para as Migrações (PEM) 2015-2020 (Presidência do Conselho de Ministros, 2015) identifica, como um dos principais desafios da sociedade portuguesa, “o desenvolvimento de uma política de acolhimento e integração de imigrantes. A implementação de medidas de reconhecimento, gestão e valorização da diversidade cultural e religiosa tendo em vista prevenir focos de tensão baseados no desconhecimento e hostilidade mútua, fazendo das boas práticas de integração de imigrantes um ativo do país e contribuindo para a coesão social.” (Presidência do Conselho de Ministros, 2015, p. 18). Também o referencial de cidadania e desenvolvimento assume a cidadania e o desenvolvimento como um espaço curricular privilegiado para o progresso de aprendizagens com impacto na atitude cívica individual, no relacionamento interpessoal e no relacionamento social e intercultural (Viana, 2021, p.98), aspetos evocados de forma expressiva nos Decretos-Lei 54 e 55/2018, que configuram o perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória perspetivado para o viver em sociedade no século XXI.
É neste contexto que surge a oferta deste curso cuja finalidade é capacitar cidadãos e profissionais transformadores, com competências de mediação comunitária e intercultural, num propósito de cidadania ativa democrática, orientada para o diálogo e a (des)construção de situações pluridesafiadoras e multifatoriais de natureza social e intercultural.