Composição do Júri:
Presidente:
Doutora Maria da Graça Ferreira Simões de Carvalho, Professora Catedrática do Departamento de Estudos Integrados de Literacia, Didática e Supervisão do Instituto de Educação da Universidade do Minho.
Vogais:
Doutora Ana Maria da Silva Pereira Henriques Serrano, Professora Associada do Departamento de Psicologia da Educação e Educação Especial do Instituto de Educação da Universidade do Minho;
Doutora Anabela Cruz dos Santos, Professora Auxiliar do Departamento de Psicologia da Educação e Educação Especial do Instituto de Educação da Universidade do Minho (orientadora);
Doutora Sandra Cristina Araújo Ferreira, Professora Adjunta Convidada do Departamento de Psicologia e Ciências da Educação da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu;
Doutora Cristina Broglia Feitosa de Lacerda, Professora Associada IV do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos, Brasil;
Doutora Jáima Pinheiro de Oliveira, Professora Adjunta C do Departamento de Administração Escolar da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais de Belo Horizonte, Brasil;
Doutor Diego Mauricio Barbosa, Professor Adjunto do Departamento de Libras e Tradução da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás, Brasil.
Resumo: Esta investigação tem como objetivo analisar a interiorização da Libras, ou seja, como ocorre a distribuição da Libras pelo estado de Alagoas no Brasil e as consequências dessa realidade para a comunidade surda. Para esse objetivo foram realizados dois estudos. O Estudo 1, intitulado Presença da Libras nas Cidades de Alagoas, de caráter quantitativo, investigou a percepção de profissionais da educação sobre aspectos linguísticos, sociais e políticos das pessoas surdas no interior alagoano, especialmente acerca de como se comunicam e a presença da Libras nas cidades investigadas. Nesse primeiro estudo, de natureza quantitativa, os dados foram recolhidos online por meio de dois questionários: O questionário 1, (Situação Linguística dos Estudantes Surdos no Interior de Alagoas), foi aplicado aos técnicos responsáveis pela educação especial nas secretarias municipais de educação e integrou uma amostra de 31 participantes. O questionário 2, (Os Surdos e a Libras no Interior do Estado de Alagoas), foi respondido por professores de surdos e intérpretes de Libras das secretarias municipais de educação, numa amostra de 157 participantes. Os resultados do Estudo 1 indicam que a maioria dos estudantes surdos no interior enfrentam barreiras no acesso à Libras, sendo que 34% deles não conhecem essa língua e que há escassez de intérpretes e professores proficientes nela. O Estudo 2, nomeado Experiências dos Surdos no Interior de Alagoas, de natureza qualitativa, analisou a percepção de pessoas surdas que nasceram no interior e migraram para a capital acerca da presença ou não da Libras em suas cidades natais e suas implicações. O instrumento de recolha de dados consistiu numa entrevista semiestruturada realizada com três pessoas surdas, de ambos os géneros, com idades entre 18 e 60 anos e que possuem licenciatura completa. Para o tratamento e análise dos dados, utilizamos a Análise de Conteúdo (AC). Como resultado desse segundo estudo os participantes apontaram o interior como um espaço de falta de acessibilidade linguística e da escassez de oportunidades para os surdos. Ambos os estudos revelam que, no interior de Alagoas, a ausência de espaços institucionalizados para o uso da Libras e o isolamento dos grandes centros urbanos dificultam a educação e a vida social das pessoas surdas. Esta investigação contribui para a identificação de áreas com presença reduzida da Libras e no mapeamento de regiões de maior fragilidade contribuindo para a formulação de políticas públicas voltadas à promoção da inclusão linguística e social das pessoas surdas residentes no interior.