O salão medieval da Universidade do Minho acolheu no passado dia 15 de fevereiro a cerimónia de atribuição do título de doutor honoris causa ao Doutor Álvaro Laborinho Lúcio e a Frei Bento Domingues. A sessão solene foi inserida nas comemorações do 45º Aniversário da Universidade do Minho.
" Apresentar `Universidade do Minho nesta sessão solene, Álvaro José Brilhante Laborinho Lúcio será, em rigor, uma tarefa dispensável. A academia já o conhecia antes mesmo da sua cooptação como membro do Conselho Geral, em 2009, mas passou a conhecê-lo melhor a partir dessa data e ainda de forma mais próxima durante o mandato seguinte, compreendido entre 2013 e 2017, durante o qual exerceu funções como presidente eleito daquele "órgão colegial máximo de governo e de decisão estratégica" (...)".
A sua inserção nesta Universidade, não apenas através de um ação marcante no Conselho Geral, mas também resultante das suas genuínas curiosidades e empatia, capacidade de escuta e de diálogo, e sobretudo de implicação com a vida da Academia, nas atividades das suas Escolas e Institutos e de outras Universidades, respondendo a múltiplas solicitações e convites, frequentemente de âmbito académico substantivo e muito para além de uma representação de tipo protocolar e simbólico, fez dele, de acordo com as suas palavras e o seu reconhecido sentido de humor, "o mais interno dos membro externos do Conselho Geral da Universidade do Minho".
(...)
Com frequência, e recentemente em entrevista concedida a 28 de setembro de 2018, Laborinho Lúcio insiste em que, no que concerne à Educação se refere, é "um profano", fala apenas como cidadão, de fora para dentro do sistema educativo e da escola, isto é, de uma forma relativamente descentrada face ao mundo organizacional escolar especializado e às regras jurídico-formais, aos códigos profissionais, às injunções técnico-didáticas e até relativamente a muitos saberes científicos que tomam a Educação como objeto de estudo.
(...)
É possível que a originalidade do pensamento e da ação de Laborinho Lúcio no campo da educação resulte, em parte, dessa relação mais criticamente distanciada, mais típica do cidadão ativo e bem informado do que do especialista ou do educador profissional, mais ancorada numa racionalidade substantiva e num referencial axiológico, que é claramente assumido pelo autor, do que na racionalidade formal, hoje fortemente subordinada à "racionalidade económica, esse principio enaltecido do menor meio", na expressão de Theodor Adorno e Max Horkheimer, expoentes da Teoria Critica da Sociedade.